sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Choradeira

Vou parar de emitir minhas opiniões. Eu creio que elas não agradam a meus amigos.
Numa hora qualquer eu entro numa enrascada. Vão dizer que este velho com quase oitenta anos é um disseminador de idéias revolucionárias.
Mas não é sem uma dor no coração. Eu havia titulado esta postagem como queixumes mas achei melhor mudar para choradeira mesmo, pois é uma choradeira.
Após tantos roubos e falcatruas de gente que desvia o dinheiro público para distribuir entre políticos em contas em paraisos fiscais, onde a mão da justiça brasileira não alcança - ou não quer alcançar - vem agora a presidente a dar ordens à Câmara dos deputados para que não se aprovem projetos que venham a resultar em despesas para o governo.
E lá na Câmara está para ser votado o projeto de recomposição dos valores dos benefícios miseráveis que nós aposentados recebemos.
É lastimável. É triste para nós, que contribuimos um dia para nossa Nação, termos que morrer ganhando a merreca de um salario mínimo - que é o objetivo do governo.
Infelizmente vamos ter que amargar essa realidade e continuar recebendo a esmola de apenas a correção inflacionária nos nossos benefícios, que os faz cair a cada ano que passa.
Eu, por exemplo, me aposentei com Cr$ 13.446,62, o que representava 54,38% do meu salário da ativa, que era de Cr$ 24.725,00.
Aposentei-me com 81% do que teria direito se completasse os 35 anos de serviço. Isto porque na época se cogitava em extinguir a aposentadoria por tempo de serviço e eu tinha já 31 anos passados. Era o ministro do trabalho o Coronel Jarbas Passarinho.
Sempre acharam que não deveria existir a aposentadoria por tempo de serviço, sõ que ninguém nunca garantiu que a pessoa ao atingir uma idade mais avançada tivesse a possibilidade de trabalho.
A diferença estúpida entre o que eu ganhava e o que me foi dado como benefício se deveu à inflação galopante que grassava na época e o método de cálculo até então utilizado. E meu benefício ficou sendo equivalente a 6,83 salários mínimos.
Depois disso houve inúmeras oscilações e o valor despencou até que um decreto ainda no "Governo Sarney" restituiu o valor em salários mínimos - cujo valor era corrigido mês a mês.
Quando veio a Constituição de 1988, esta mandou que nada fosse vinculado ao salário mínimo e aí então, já no "Governo Collor" passaram os benefícios da Previdência a ser reajustados pelo menor índice que puderam encontrar. E assim foi pelos anos que se sucederam. E agora os benefícios dos aposentados que ganham mais que o salário mínimo são reajustados, no máximo, pelo índice da inflação.
Acontece que o índice de inflação não leva em conta tudo aquilo que o aposentado precisa para viver e ele gasta cada vez mais e ganha cada vez menos. Não sei até quando vou viver, o governo deseja que eu vá logo, o meu benefício hoje corresponde a 3,24 salários mínimos. É muito! Só perdi 52,54% do valor do meu benefício, se não me falham os cálculos. Para eles está de bom tamanho, né?
Um dia não teremos mais possibilidades de viver e eu acho que é isso que o governo quer, que morramos à míngua.

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