sexta-feira, 8 de junho de 2012

Frio... frio... frio...

Está uma manhã tão fria que me faz lembrar os idos de 1953, quando eu tive de enfrentar ua geada e sair pela manhã para recolher o gado que havia quebrado a cerca e saido para o sítio do vizinho. Havia um capim alto, acima da cabeça e estava todo cheio do orvalho da noite transformado em gelo, tudo branco.
Foi bem uma meia hora para recolher todas as vacas para o pasto e, ao terminar, eu estava encharcado da cabeça aos pés com aquela água gelada. Tremia de frio sem ter como me aquecer. As batidads das ramas do mato, por causa do frio, doiam como não sei que.
Ainda bem que o gado voltou fácil para o lugar que era dele, senão a coisa ia ficar complicada e eu ia morrer gelado naquela manhã de setembro.
Coisas que a gente passou lá nos confins da juventude. São coisas que de quando em quando vêm à lembrança.  Coisas da vida... e que o tempo não apaga.

domingo, 3 de junho de 2012

Voltando no tempo (já publicado há uns dois anos)

Era uma dessas tardes calorentas já próximo do fim do ano. Eu voltava da escola para casa como de costume, no trotar do meu velho pangaré. Havia sobre o horizonte umas formações nebulosas escuras, os chamados 'cumulus nimbus' que eu havia aprendido nas torturantes aulas de geografia. Dava a impressão que elas vinham brigando como dragões enfurecidos entre si dado à fúria do vento que devia estar arrastando-as.
Eu? Nem aí! Continuo "toc-toc" estrada a fora...
De repente um raio dá uma riscada no céu. Ainda não havia escurecido mas aquele raio clareou o panorama bem mais do que estava. Um pequeno calafrio me percorreu a espinha "de norte a sul". Eu não tinha a malícia de que aquilo era perigoso em campo aberto e eu poderia ser um alvo perfeito - certamente não o fui, senão não estaria aqui escrevendo estas notas. Continuava a caminhada.
Um pouco mais adiante as laterais da estrada eram barrancos altos dos dois lados. E a água chegou! Chegou pra valer. Batia de encontro. Estendi meu ponchezinho azul que levava sempre na garupa. O vento soprava com tanta força que meu pangaré baixou a cabeça quase até o solo, parou e virou a trazeira para a chuva.
Desta forma fiquei voltado para a direção de onde eu vinha. Ao longe via o efeito do vento. Telhas de zinco voavam da cobertura de um hangar que havia ali no campinho de aviação. De repente um teco-teco que estava amarrado do lado de fora do hangar por cordas e ganchos no chão como se fora uma barraca de acampamento é simplesmente arrancado e passa a rodopiar sobre a estrada e se espatifa do outro lado. Ufa! Ainda bem que eu já havia passado.
Foram uns dez minutos de chuva e vento (sem granizo) e o estrago já estava todo feito. A enxurrada já estava fazendo cascatas na beira da estrada. Meu cavalo levantou a cabeça e deu aquela espirrada "pfrfrfrfrfr" difícil de escrever aqui, pois não sei traduzir aquele som numa forma onomatopaica convincente. Virou-se e lentamente começou a retomar o caminho por conta própria.
Na próxima curva vinha um cavaleiro apressado. Era meu pai, preocupado comigo, que havia pego o seu cavalo e veio me encontrar.
"Tá tudo bem?", perguntou.
"Deu um pouco de medo", respondi.
Depois desse eloqüente diálogo prosseguimos rumo à casa. Já estava a chegar a escuridão da noite. As nuvens no entanto se abriram depois dessa pequena tormenta e lá no céu brilhava meu (ou a minha?) Vésper.
Que maravilha! Que boa lembrança! Essa estrela tinha um significado especial naquele tempo nos meus sonhos de adolescente.

Eu já publiquei isto em um outro blog há muito tempo (vivenciado)

Pandemia e pandemônio

Já faz um tempino que não coloco nada no meu blog. Preciso dar uma arualizada nele. Mas agora eu fico até "aperriado" devido a ...