Eu encontrei isto no blog da Liliam e me tocou a alma e o coração. Ver aí o que se passa no coração da irmã após a partida do irmão de uma maneira tão inesperada.
Sou pai dos dois e cala fundo na minha alma e me emociona ao ler estas suas palavras espontâneas e sinceras.
Há momentos em que a gente não entende bem os filhos, mas em situações essas parece que Deus põe no nosso coração o entendimento e as arestas se abrandam.
Essa filha é o que me resta e quem é que diz que eu não tenho preocupações com a vida dela? Como qualquer pai que ama seus filhos, eu tenho até ciúmes.
Abaixo, eu transcrevo a íntegra da postagem que ela colocou após o falecimento do irmão. Note que a foto eu troquei para não ficar uma cópia idêntica, porém o texto é o original, apenas ficando com a formatação que eu uso.
Abaixo, eu transcrevo a íntegra da postagem que ela colocou após o falecimento do irmão. Note que a foto eu troquei para não ficar uma cópia idêntica, porém o texto é o original, apenas ficando com a formatação que eu uso.
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Nunca
pensávamos....
Meus dois filhos |
Desculpem o
desabafo, mas não posso deixar de falar sobre ele...
Um cara que
nasceu em 62 e que em 73 aguardava ansiosamente minha mãe de volta da
maternidade, e que chorou muito porque o bebê não veio de imediato pra casa (eu
- que fiquei no hospital por conta da icterícia).
Que ajudava minha
mãe a passar minhas fraldas (que não eram descartáveis), que vivia escovando
meus cabelos pra ficarem sedosos, que fazia questão que eu lesse os milhares
(quase isso) de gibis que comprava, que adorava música e me incentivou muito a
tocar e a estudar, que trazia os amigos aqui pra uma sessão de tortura quando
eu estava apenas ensaiando os primeiros passos na música (coitados, eu tinha
uns 10 anos e eles em torno de 20...).
Que se preocupava
sempre em comprar um brinquedo que eu quisesse quando garota. Que já adulto
ainda tinha seus brinquedos, como o autorama e o trenzinho, os cds, os dvds.
Que adorava marketing, que adorava novidades. Que adorava indicar filmes que
tinha achado legais.
Que me cobrava
sempre o fato de eu não tocar mais (tá traumatizada?!?!) Que me cobrava o fato
de eu não dirigir (sem comentários....), que vivia a perguntar por que eu não
me transferia para Guarulhos (bom, pelo menos isso eu fiz - trabalhei meus
primeiro 18 anos em São Paulo, mesmo vivendo aqui desde criança). Que
perguntava por que eu comprava tantas coisas para Scrapbooking (porque eu
gosto...) e se eu gostava tanto, por que eu não passava a produzir algo para
ganhar dinheiro (porque as coisas não são bem assim, como nós queremos).
E justamente
porque as coisas não são como nós queremos, elas são como Deus quer, ele voltou
a viver conosco aqui em casa, depois de ter saído para se casar há 26 anos,
depois de ter se separado e ter deixado São Paulo para viver em São Jose dos
Campos e posteriormente, Curitiba. Foi um alívio para nós tê-lo de volta, pois
sabíamos que as coisas não iam bem onde ele estava. Algo nos preocupava, mas
nem sonhávamos com a dimensão do acontecido na madrugada/dia 19/08/2011.
Um aneurisma na
aorta levou meu irmão de nós, sem dar um sinal anterior de mal estar.
Nenhuma palavra
sequer sobre a dor. Sofreu e morreu em silêncio.
Então, meu irmão
querido, muito obrigada por ter estado junto a nós
- Obrigada por
passar minhas fraldas e pentear meus cabelos;
- Obrigada por
todos os brinquedos que você se preocupou em dar pra mim.
- Obrigada por
inundar nossa casa com tantas informações desde sempre (livros, discos, amigos,
alegria)
- Obrigada
inclusive pelas críticas, desde pequena, que no fundo me tornaram uma pessoa
melhor;
- Obrigada por
ter vindo antes de mim, e de alguma forma ter aberto caminhos, o que eu teria
dificuldades de fazer sozinha;
- Obrigada por
compartilhar seus momentos de alegria comigo, com o pai e com a mãe, ao ver
seus filhos realizando sonhos. Desde as apresentações do Guilherme até as
realizações do Paulo na agência...
- Obrigada por
ter me dado dois sobrinhos dos quais eu me orgulho demais, e uma cunhada que
mesmo hoje de longe cumpriu um papel de extrema dignidade e bonança com você e
conosco.
- Obrigada por
trazer alegria à nossa casa quando vc chegava com os meninos buzinando sem
parar na porta da garagem para nossos almoços de domingo ou feriados. É desses
dias felizes que eu o pai e a mãe queremos nos lembrar sempre.
- Obrigada pelos
dias junto a nós esse ano, pouca coisa me deixou tão feliz como te ver chegando
aqui em casa com a malinha, mesmo sabendo que não era em defitinivo. Só pensei
que conseguiríamos conversar muito mais. Você, o irmão de quem eu sempre me
orgulhei e sempre terei no coração com todo o amor.
Um dia eu te
encontro pra gente conversar, muito, muito mais. Deus há de permitir.