domingo, 20 de outubro de 2013

Na janela do tempo

Quando eu estava no ginásio a vida era um tanto difícil. Eu dormia mal. Alimentava-me mal. Saia de casa com o café da manhã, que eu tinha de tomar antes das seis para dar tempo de estar na escola às sete e meia. Nos dias que tinha cinco aulas ficava na escola até meio dia e meia. Chegava em cas de volta já por volta de duas da tarde e já com uma bela dor de cabeça.
Sol quente e quase seis horas sem comer - eu não levava nem ao menos um lanche para comer nos intervalos de aulas. Almoçava alguma coisa já quase sem vontade e passava a mão numa enxada e partia pra roça, onde estava meu pai trabalhando. Mesmo que fosse para fazer nada eu tinha de ir.
Dois dias por semana tinha aulas de educação física. Aí eu comia na casa da madrinha de meu pai, onde eu deixava o meu cavalo no quintal dos fundos. Aí eu só chegava em casa à noite, pois as aulas eram pelas 4 da tarde.
As lições de casa era só à noite, depois de jantar, que eu podia fazer, à luz de uma lamparina que me enegrecia as narinas com a fuligem. Aquilo me dava um desânimo total e eu me tornava dispersivo. Não conseguia me concentrar para assimilar as aulas. Tinha matérias que eu não conseguia entender. Matemática e História eram as principais. Lembro-me de um dia em que eu não consegui fazer uns exercícios de matemática e a professora, como castigo me mandou resolver 75 problemas de um livrinho do Jácomo Stávale. Dormi em cima do livro e dos cadernos. Consequência? Nota do mês, que já era baixa, dividida por dois. E nem se interessava em saber o porquê.
Em História Geral tinha como professor um padre. Imagina o tema que ele insistia mais em debater. As reformas lá com Lutero, Calvino, Urlico Zwinglio e outros caras mais. Mandou-me fazer uma dissertação sobre Lutero. Fiz. Sabe que nota tirei? 1 e meio. Para ele estava péssima.
Não sei como consegui chegar à quarta série sem repetir um ano. Desanimei-me de vez que não pensava mais em estudar nunca mais. Não era por falta de vontade de conhecer as coisas, mas nessas condições era "pedreira".
Só voltei a estudar depois de vinte anos, fora uns cursos técnicos rápidos de tornearia mecânica que fiz sem conclusão, quando entrei no Colegial para fazer um curso de eletrônica para poder aumentar um pouquinho o meu salário onde trabalhava.
Hoje estou aqui. Felizmente não fiquei sem nenhum pedaço por ter trabalhado no tempo da escola - hoje não poderia! Ah! Não!

domingo, 13 de outubro de 2013

A sabedoria do passado

(Texto guardado em meus arquivos há algum tempo - Não tenho a referência do autor)

Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa:
- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
 - Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
 - Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.
- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente.
- Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.
Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.
Canetas: recarregávamos com tinta tantas vezes ao invés de comprar outra. Amolávamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?
Agora que você já leu o desabafo, envie para os seus amigos que têm mais de 50 anos de idade , e para os merdas que tem tudo nas mãos e só sabem criticar os mais velhos

Pandemia e pandemônio

Já faz um tempino que não coloco nada no meu blog. Preciso dar uma arualizada nele. Mas agora eu fico até "aperriado" devido a ...