O que foi afinal???

Era uma tarde de verão, daquelas em que se enxerga o movimento do ar aquecido pelo sol, quando voltávamos da escola. Estávamos caminhando, somente eu e meu irmão, pelo leito da estrada de ferro.
Era uma subida longa de mais ou menos uns quinhentos metros. Olhamos para trás e avistamos um casal, que nos pareceu conhecido. Era o Zé e a Liquinha, como eram conhecidos.
Entretanto algo estranho nos chamava a atenção. Ambos caminhavam pelas laterais externas dos trilhos do trem e com os braços levantados, apoiando um em cada ponta, algo que nos parecia um dormente daqueles usados para fixar os trilhos no chão. E do meio desse dormene partia uma haste longa e fina que vista de longe parecia ser um bambu ou mesmo um trilho. E isto seria coisa muito pesada para ser transportada de tal maneira.
Eles estavam a uma distância de uns duzentos metros de onde estávamos nós. Continuamos o caminho.
Logo em seguida, dando uma olhadinha para trás, não víamos mais ninguém. Um arrepio tomou conta de nossos corpos e... Pernas! Para que as queremos?
Saimos numa desabalada carreira e só fomos parar de correr quando chegamos em casa esbaforidos de cansaço.
Até hoje não me atino com o que teria sido tal visão que jamais esqueci. Afinal o que foi? Foram quatro olhos que viram e não apenas dois.