quinta-feira, 25 de abril de 2013

Um dia vivido lá no passado

Era uma manhã daquelas de 1948, se não me engano, em que eu ia para o ginásio - note-se que não era uma praça de esportes e sim uma escola - com o sol começando a aparecer. Eu acho que estávamos ainda na estação do inverno, em que os dias eram ainda bem curtos.
Eu descia a estrada, hoje Avenida Dr. Simão, estava pela altura de onde é hoje a saida da rua que leva ao hotel Beira Rio. Descia tranquilamente no toque toque do meu velho cavalo tordilho, que era o meu meio de transporte para ida e volta da escola.
De repente ouvi um estalido parecido com um tiro de espingarda. Esquisito! Ali não era lugar de ninguém estar caçando de manhã. Certo que do lado direito era uma chácara de jabuticabeiras... Mas ninguém iria dar tiros por ali...
Eu descia por aqui (agora só é subida)
Desci mais um pouco e vi um corre-corre dos operários que eperavam para entrar em serviço na Usina de Luz e Força Santa Cruz, a uns cento e cinquenta metros à frente de onde eu estava. Vi um pular o muro da seção de transformadores com uma vara comprida de bambu e começou a empurrar um corpo que pegava fogo junto ao transformador de saída de uma linha que diziam ser de 66 mil volts que ia pelo vale do Paranapanema abaixo e diziam que ia para o norte do Paraná.
Do outro lado da ponte vinha correndo e gritando e se descabelando uma mulher que morava numa casinha ali na cabeceira da ponte. Então eu me dei conta do acontecido. Era o marido dela, o Zé Pernambuco, o centro da tragédia.
O chão estava úmido e ele, de chinelos, com um espanador, havia esbarrado ou chegado muito perto de um dos fios do transformador que serviam de condutores de pára-raios para o solo, e havia levado uma descarga elétrica muito violenta. Eu senti o cheiro de carne queimada a exalar no ar - uma coisa que me ficou impressionando por longo tempo.
O homem não morreu ali na hora mas teve, segundo disseram depois, a metade do corpo queimada, e morreu no dia seguinte, 24 horas depois do acidente.
Passei por todo aquele alvoroço e fui para a escola. À tarde quando voltei as coisas já tinham voltado à normalidade.
E a vida continuou no mesmo rítimo de todos os dias.

Pandemia e pandemônio

Já faz um tempino que não coloco nada no meu blog. Preciso dar uma arualizada nele. Mas agora eu fico até "aperriado" devido a ...