O menino Sonhador

Vou tentar pincelar de uma maneira que não seja muito prolixa a história do meu neto, Guilherme Italo, que hoje já é homem feito, e que perseguiu um ideal desde criança.
Nasceu aos 13 de setembro de 1988. Segundo filho do Herivelto e da Sueli, cresceu como toda criança normal. Estudou em escolas particulares, junto com o irmão mais velho, Paulo Henrique, aqui mesmo, no município de Guarulhos.
Guilherme Italo
Morava no Bairro Vila Augusta. Foi batizado quando já tinha mais de dois anos de idade e já na hora do batismo o padre perguntou aos padrinhos, que eram eu e minha esposa, como era o nome da criança. Antes que ninguém, ele mesmo, de pronto respondeu: "Guié", ainda não sabia falar direito muita coisa, provocando o riso em todos os circunstantes.
Ao colocar a água na cabeça, ele chorou e o padre que o batizava disse para ele ficar bonzinho que aquilo era uma injeção para ele.
Quando ele tinha uns cinco anos mais ou menos, eu comprei um computador meio sucata, se não me engano era um 382 descartado de uma empresan na Rua Santa Ifigênia. Ainda usava disquete de 5 e 1/2". Tinha uma memória ran de uns poucos K e um HD possante de uns 2M.
Ele aprendeu a mexer e fazer joguinhos no mesmo.
O irmão amigo, Paulo Henrique
De vez em quando ele se enroscava lá com alguma coisa e vinha correndo me chamar. Sempre dizia que era uma coisa rapidinha e era para eu ajudá-lo.
Foi tomando gosto e um dia meu filho comprou um comprutador um pouquinho melhor, que estava em promoção, para ele e o irmão.
Foram progredindo com os joguinhos que existiam na época. O irmão gostava de joguinhos de aviões de guerra. Dar tiros e derrubar o adversário. Divertia-se assim.
Com o pai, Herivelto
Aqui eu vou fazer um pequeno parênteses para inserir um pequeno comentário.
Nessa época morava num cômodo aos fundos de nossa casa, a minha sogra, sua bisavó. Esta, todas as vezes que ele vinha aqui em casa, o chamava para a casa dela para dar-lhe um cafezinho. Ela o chamava de Guilherminho. E lá ela fechava a porta para que não víssemos que ele estava tomando café. Mas isso era só charminho de vó. Na verdade ninguém se incomodava com isso. Coisas da vó Beatriz.
Vó Beatriz
A foto dela, que vai ao lado, é uma cópia de negativo que era preto e branco, muito antigo, mas dá para ter uma idéia da pessoa.
  Ele já tomou gosto pelos primeiros "fly simulators" que começavam a aparecer. Procurava se aperfeiçoar cada vez mais até a adolescência.
Faziam cursos de inglês os dois e ele, em 2006, foi fazer um intercâmbio nos Estados Unidos, para aperfeiçoar.
Morou com uma família que o tratava como se fosse um filho deles, na cidade de Chicago. E até hoje, passados mais de dez anos, continuam sendo bons amigos. Cada vez que vai lá, tem de lhes fazer uma visita.
Lá, ele trabalhou em uma churrascaria. Ensinou os americanos fazer o nosso churrasco. Com menos de 18 anos, trabalhou de "boy", com carro e tudo, num escritório de advogados. Os advogados adquiriram confiança nele e ele se virava lá pela cidade. Foi barista em lanchonetes e cafés. O que deu para ele fazer lá por Chicago ele fez.
O primeiro avião que pilotou (747, por sinal)
Trabalhando de boy em Chicago
Num certo dia resolveu conhecer a cidade por cima. Foi voar de Cessna, naqueles vôos contratados. E ao conversar com o piloto contou da sua façanha nos "fly simulator" do computador. O dito piloto achou que ele conhecia bem a coisa teoricamente. Passou-lhe o comando e mandou ele fazer o pouso. Ele fez e o homem disse que ele só não poderia pilotar ainda por causa da idade, mas que ele já estava pronto.
Foi o que ele quiz. Após voltar para o Brasil, entrou num curso de pilotagem  em 2009. Em 2012 recebeu o brevê de piloto privado.
Adquirindo o aviãozinho
Entrou na TAM, aqui no aeroporto de Guarulhos. Fazia amizade com todos os funcionários da empresa e de outras empresas.
Às vezes solicitavam que ele conversasse com passageiros estrangeiros, devido à sua fluência do inglês. E isso o ajudou muito.
Depois passou a trabalhar em Congonhas, São Paulo, na parte administrativa. Mandaram-no fazer diversos cursos de sistemas lá nos Estados Unidos.
Um dia cismou de se reunir com mais três colegas e os quatro compraram um avião Cessna 172, 1970, Foi buscá-lo lá no extremo oeste dos Estados Unidos, na Califórnia. O prefixo americano do avião era N96570.
Recém chegado dos EUA
Teve de levar um amigo piloto para pilotar fora do Brasil, pois ele não tinha licença internacional para voar por lá. Veio num pinga-pinga, de Los Ângeles até Fort Laudedale, na Flórida. Dali veio pelo Caribe, a parar por diversas ilhas para reabastecimento, pois a autonomia do aparelho era de no máximo quatro horas. Vieram pelas Guianas e entraram no Brasil pelo Estado do Amapá, de onde ele fez o resto do percurso.
Para chegar até Sorocaba, aqui no Estado de São Paulo, foram muitos dias devido ao mau tempo reinante na região. Trouxe o Cessna para Sorocaba e fez a documentação para registrá-lo no Brasil.
Reformou-o e passou a usar o prefixo nacional PR-OGG.
Já reformado e Nacionalizado
Passou então a voar o máximo que podia para ter o número de horas para conseguir o brevê de piloto comercial, o que recebeu em 2014. Sempre voando e com a promessa de uma promoção para co-piloto. foi fazer cursos sobre os sistemas da Air Bus. Fez uma visita à fábrica da Boeing lá no noroeste dos Estados Unidos, se não me engano em Seatle, Estado de Washington.
Passou dez anos na TAM, porém não conseguiu o seu intento.
O máximo que conseguia era fazer de vez em quando um simulador de voo. Nada mais que isso.
Pediu demissão e ingressou na Azul Linhas Aéreas Brasileiras, onde começou de novo a batalha. Foi também fazer serviços pela empresa nos Estado Unidos, porém já mais animado com a possibilidade de progredir. Em homenagem ao pai dele, que o incentivava muito, Coloco aqui uma foto sua de poucos dias antes do seu falecimento.
O pai, Herivelto da Silva Bernabé

Num dado dia escalaram-no para fazer o curso teórico de pilotagem dos jatos. E lá foi ele. Passou por um período de estudos árduos e de práticas em Simuladores e passou pelos testes. Está pronto para voar.

Faço aqui a inserção de um pequeno texto publicado por ele no Facebook. Colocarei em destaque, pois as palavras são dele:

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"Muito feliz em poder compartilhar esse momento com vocês. O primeiro voo, a gente nunca esquece!
Foram pelo menos 10 anos de bastante trabalho pra chegar até aqui. Orgulhoso de passar por todos os lugares que passei: Despacho, Flight Standards, Planejamento, Treinamento. Foi daí que surgiram grandes colegas que, na grande maioria, viraram grandes amigos e que tem um tijolinho nessa conquista! Um especial obrigado aos amigos Higo Luiz, Orlando Bissacot Tieghi, Tarsis Araujo, Marcio Castelo Branco, Fábio Schlichting, Daniel Pfister , Jair Jatoba Junior, Artur Jurkiv Lobo, Thiago Machado, @Francisco Conejero Perez, Giovanne Quadros Viggo Thisted e Euler, grandes padrinhos na aviação e grandes amigos na vida. Foram vários ensinamentos pra crescer como profissional e também como pessoa.
Minha princesinha, Fernanda Perez, obrigado pelo companheirismo desde que nos conhecemos. Não é fácil aguentar essa caminhada até chegar no cockpit!
Satisfação do primeiro vôo
Obrigado aos meus pais Sueli Cholla e Herivelto Da Silva Bernabé, por sempre me apoiar, incentivar, ajudar no que fosse possível. Sem eles, com certeza isso estaria mais longe. Queria muito que meu pai estivesse por aqui pra ver isso acontecer...acho que ele ficaria mais feliz do que eu!
Paulo Cholla, obrigado por deixar eu usar o computador pra jogar Flight Simulator quando era pequeno! =) Obrigado aos avós e aos familiares por sempre vibrar com as conquistas.
Meus amigos de aeroclube, da aviação geral, meus alas Marco Antonio Pastore e Carlos Eduardo Pellegrino, amigos da Sierra Bravo Aviation e tantos outros da TAM, Avianca, Azul e Gol, os instrutores de voo: obrigado!
E aos amigos que estão caminhando pra chegar lá: continuem contando comigo para o que precisar!"

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Embraer E195
No dia 29 de julho de 2017 partiu para o seu sonho. Co-piloto de um E195 da Embraer, na Azul Linhas Aéreas Brasileiras. E vai cruzando os céus do Brasil de leste a oeste e de norte a sul, com todo o entusiasmo que lhe é peculiar. Trabalhando e fazendo amigos por toda parte.
Ei-lo ao lado do seu brinquedo e no alto uma alusão a este velho que escreve estas notas, seu fã nº 1
A menininha, no aeroporto, Chegou até ele e perguntou se era ele quem ia trazê-los para São Paulo e sorrindo pediu para tirar uma foto com ele. Há o que pague isso? Maravilha!
Peninha. Ele estava no avião como passageiro, voltando para casa, de Belo Horizonte para São Paulo.

Legal estar a caminho de casa e encontrar um sorriso carinhoso desses pela frente
Na segudna-feira, dia 28 de setembro, terminou a fase de treinamento na empresa, restando o vôo de check final, com examinador da ANAC, para ter a sua licença definitiva para voar como co-piloto. E nós aqui continuamos torcendo para que ele se saia a contento.

Ontem, 01 de setembro de 2017, fez o vôo de check com o examinador da ANAC. E aí está ele a transbordar de felicidade, agora oficialmente co-piloto da aviação civil. Parabéns e toda a felicidade do mundo para trabalhar em algo com o que tanto sonhou. Ele merece muito.
Após aprovação pela ANAC, co-piloto civil
A mãe, Sueli Cholla

Possivelmente ainda haverá muitas coisas que eu teria para colocar aqui e talvez algum dia, se me der tempo, eu colocarei. Do contrário, ele próprio as contará.
Ele continua entusiasmado e está satisfeito com o que faz. Ele tem suas escalas de vôos baseado em Belo Horizonte. A partir de outubro ele vai transferir sua base para São Paulo, com a transferência de pilotos para outras categorias de aeronaves, apareceu vaga para ele mais próximo de casa.
Cruza este Brasil gigante de norte a sul e de leste a oeste, voando a maior parte das vezes em vôos noturnos. E este avô continua torcendo por ele, pois a intenção dele é chegar a pilotar aqueles aviões de grande porte que fazem vôos internacionais.
Estou  aguardando que ele me mande uma foto da cabine de comando do E 190/195 Embraer, com ele pilotando. Pedi a ele, mas ele me disse que há uma certa dificuldade em fazer isso.
No entanto disse que algum dia conseguirá. Espero que sim.
E eis a foto de uma aterrissagem em Manaus:
A parte externa não está aparecendo porque a câmera está com o foco para dentro da cabine de comando.

Para ilustrar mais esta pequena história, vai trecho de um vídeo feito de um pouso no aeroporto de Boa Vista, em Roraima. Pouso este tão bem feito que só se nota quando o avião já está correndo no asfalto irregular da pista.


O garotão já está craque nos comandos do Embraer ERJ190/95. Recebe elogios de todos os colegas e imagine se este avô coruja aqui não fica todo envaidecido. Este meu neto só anda nas alturas! E mais ainda: toca piano.

Por outro lado os avós numa foto de 1998, quando ele tinha apenas 10 anos. De lá para cá muitas águas rolaram por debaixo da ponte.
Hoje ele está cuidando de montar uma pequena empresa, de sociedade com outros três colegas e, se Deus quiser, e Ele o quer, brevemente estará entrando em funcionamento.
Será uma empresa que alugará aviões para que pilotos que já voam, possam acumular horas de vôo, o que é necessário para a vida profissiona dos mesmos. Já compraram mais um avião, do modelo Cherokee, mostrado na foto abaixo.
Avião Cherokee adquirido recentemente

Este Cherokee já foi vendido. Só ficou com o Cessna. Este, de quando em quando, é alugado para pilotos que precisam fazer horas de voo, e assim vai pagando a manutenção.

Agora, já mudou de avião, na Azul. Está pilotando o Airbus 320.
E assim vai o menino.







NB- Agradeço imensamente o comentário abaixo.

Um comentário:

Unknown disse...

Vô Domingos, vou usar as palavras do Guilherme, você está dentro do time dos melhores Avós do mundo.

Não tive a oportunidade de conhece lo pessoalmente porém tive a oportunidade de conhecer o Herivelto e a Sueli, onde algumas vezes o Herivelto esteve em minha casa com o Guilherme.

É muito gratificante nos dias de hoje poder testemunhar casos de sucesso como esse do seu neto, sucesso este que só existiu em razão da garra e persistência dele, junto ao apoio da família, em especial a sua, acredite que mesmo nos momentos de seu silêncio o Guilherme estava te observando, aprendendo, e selecionando o que seria melhor para ele.

Tenho o Guilherme como meu terceiro filho, pois sabemos que as raizes dele alem de fortes são verdadeiras.

Sinto me como parte dessa história, pois algumas vezes fomos juntos para Bragança Paulista, onde tive a oportunidade de ser a primeira pessoa a filmar o primeiro voo solo do futuro Cmte Guilherme

Sou Pai de um futuro Piloto que também trabalha na TAM e que muitas vezes frequentou a casa do Guilherme quando ele morava na Vila Augusta, sonho todas as noites que ele também tenha seu sonho realizado.

Quero te parabenizar pela preciosidade resumida de sucesso do seu neto.

Abraços ao senhor e a toda Familia.

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