Minha história 3


Mudança de emprego

Compareci no dia 14 de novembro de 1962, conforme me fora determinado, à seção de pessoal da filial de São Paulo e me engajei então na empresa.
A minha primeira escola
Primeiro desmanche
No início de dezembro, eu e mais outros três recém admitidos fomos mandados para fazer o curso de mecânica de máquinas de escrever, onde ficamos até as última semana antes do Natal. Esse curso era bem intensivo e exigia a desmontagem e remontagem de uma máquina de escrever completa com todos os ajustes necessários. Semanalmente havia um teste e quem não alcançasse uma nota mínima era automaticamente desligado da empresa.
Felizmente eu fui até o final, mas vi vários colegas, muitos de longe, de outros estados, serem despedidos com muita tristeza.
No dia 15 de dezembro nascia no Hospital São José do Brás, no bairro do Belenzinho, pelas nove e meia da manhã o meu filho Herivelto e eu não pude sequer acompanhar minha esposa para a internação na véspera. Só fui ao hospital no dia seguinte, na parte da tarde, pois eu estava em curso na escola da Olivetti e não poderia faltar em hipótese nenhuma sob pena de ficar desempregado. Quem cuidou de levar minha esposa para o hospital foi a minha cunhada.
No primeiro ano de vida - 1963
Infelizmente o meu filho teve problema ao nascer e foi tirado pelo método Forceps, o que lhe causou um hematoma no pescoço que levou um certo tempo para desaparecer, deixando uma ligeira deformação na cabeça pelo fato de ter de ficar deitado somente de lado.
Daí parti para o trabalho propriamente dito na empresa, com um contrato chamado de experiência, pelo prazo de seis meses, quando passei a efetivo aspirante mecânico.
Trabalhava internamente em revisões de máquinas de demonstração. Éramos nessa revisão pelo menos uns seis mecânicos. E todos tinham de dar uma certa produção dentro de um padrão de qualidade bom para podermos permanecer no emprego.
Trabalhei ali, nessa revisão de máquinas por uns quatro meses, quando saiu de férias o técnico que atendia a região de Guarulhos, que naquele tempo tinha algumas industrias às margens da Rodovia Presidente Dutra e era extremamente difícil o transporte dentro da localidade.
Eu tive uma empresa, a Camargo & Correia, Construções e Comércio, que tinha um volume grande de máquinas e tinha um contrato de manutenção mensal, que quando terminou o contrato e foi feita a proposta de renovação do mesmo, o responsável pelo setor do patrimônio me chamou e propôs fazer uma carta para a Olivetti, dando ciência da satisfação com o serviço que eu havia prestado. Eu recusei e lhe disse que estava ali fazendo aquilo pelo qual eu era pago para fazer. Mas eu achei a idéia legal. pelo menos eu tinha a certeza da satisfação do cliente com o meu serviço.
Eu só não gostava de uma empresa como a SKF que, quando eu chegava na portaria, seus guardas queriam que eu fizesse uma lista das ferramentas e materiais que eu levava. Parece que eles pensavam que eu iria sair da firma levando alguma máquina oou coisa parecida. Com o tempo passaram a deixar a entrada liberada.
Havia dias em que eu pegava a Avenida Monteiro Lobato, cujo final era no portão da Base Aérea de cumbica para atender a Magirus Deutz, no cruzamento da Avenida Santos Dumont com a Rodovia Presidente Dutra, onde hoje é a Cumins do Brasil. Era mato de toda banda. Ali onde hoje é o Parque Cecap eram uns terrenos que pareciam abandonados e com placas de propriedade da Caixa Econômica Federal.
Se eu fosse de ônibus, este passava por dentro dos próprios da Base Aérea e, ali na entrada do trecho entrava um guardinha que ia fazendo uma revista no ônibus para saber se alguém iria descer dentro daquele espaço. O ponto final do ônibus era logo ao sair daquele trecho, do lado de fora do portã, frente à Avenida Santos Dumont.
Havia um contrato de manutenção das Indústrias Matarazzo e eu tinha de ir até uma olaria das mesmas, na tal Várzea do Palácio, para cuidar de duas máquinas de escrever que para mim deveriam ser do tempo do Dom Pedro II de tão velhas que eram. Eu tinha até medo de pegar nas ditas máquinas.
Uma das vezes que eu fui lá, por sugestão de um encarregado de um setor dessas indústrias, no lado de Ermelindo Matarazzo, atravessei o rio num barco de transporte de areia. O rio ali passava entre a olaria e a fábrica de Ermelindo Matarazzo. Do contrário eu teria de dar uma volta de uns cinco quilômetros para chegar lá - e a metade disso seria a pé.
Uma vez eu esperava por um ônibus na Rodovia Presidente Dutra, que só passava de das em duas horas. Formava uma chuva daquela pelo lado de São Paulo. De repente apontou lá o dito ônibus e eu acenei para que ele parasse, porém o motorista não deu a mínima. Tomei toda a água no lombo.
Legal, não?
E o Chicão, um egípcio que era chefe da oficina São Paulo Centro, à qual eu pertencia exigindo que eu desse produção. Eu teria de atender uns oito chamados por dia para dar conta de cota. Eu atendia uns três ou quatro e olha lá!
No ano seguinte entrou de férias outro mecânico que fazia a área de Santo Amaro e advinha quem vai substituir? Eta regiãozinha ruim de trabalhar.

Esta era aTekne 3. Boa máquina.
Batalhei por lá mais de um ano. Clientes todos longe um do outro, mais que Guarulhos. No entanto condução tinha um pouco mais. A produção diária era aquela que eu conseguia dar.
Uma vez eu levei dois dias só para chegar num cliente. Me era dado só o nome do mesmo e dizia que era na Guarapiranga. No primeiro dia fui por um lado da represa. Claro que a famosa lei de Murphy funcionou direitinho. Não era daquele lado. Encontrava chácaras e coisas parecidas, cheia de cães e nada do clube que eu procurava.
No dia seguinte fui pelo outro lado e então depois de andar um pouco encontrei. Claro que a produção do dia anterior foi zero!
E assim passei mais uma temporada fazendo regiões difíceis.
Depois houve um desmembramento das oficinas da filial de São Paulo e abriu-se um setor na Rua Maria Marcolina, no Brás. Fui transferido para esse setor e fiquei atendendo Tatuapé, Vila Formosa, São Miguel Paulista, Itaquera, e adjacências. Uma zona extensa, mas com transporte melhor. Aí o nosso filho já tinha uns três anos. Minha esposa continuava a trabalhar na mesma firma, Superba S/A.
Pagávamos para algumas mocinhas cuidarem dele. No entanto tínhamos uma vizinha dessas que adoram fazer a cabeça das outras pessoas com fofocas e sempre tínhamos de trocar essas meninas.
Olha só a costeleta do cara!
A última eu constatei, numa passada repentina que dei em casa, que ela estava batendo no nosso filho. Ele era meio teimosinho e tinha suas birras, mas era coisa de se contornar.
Á noite comentei com minha esposa e disse a ela. Manda essa moça embora, pois assim não pode ficar. Ficar pagando para ela judiar do garoto? Essa não!
Ao aprender a andar
 Então ela decidiu pedir a conta da Superba e ficar cuidando do nosso filho. Não foi para ela um bom negócio, pois foi difícil receber o que seria seus direitos por tempo de serviço e ficou sem poder contribuir para o Instituto de Aposentadoria.
Nesse ínterim uma vizinha japonesa, que era muito legal confirmou a história de que a moça batia no menino. Disse que não contara antes por medo de que algo de ruim pudesse acontecer.
A essas alturas ficou somente o meu salário para dar conta do recado.
Com os vizinhos Shiroma
Felizmente fui em frente e continuei a trabalhar no setor leste da cidade e me esforçando para não dar motivos para dispensa.
Foi a época em que ocorreu a implantação do regime militar e a coisa veio a ficar difícil. Quase todas as tardes, ao retornar para a sede, na rua Maria Marcolina, ficava sabendo que um dos nossos colegas havia sido dispensado. A gente torcia para não ser o próximo.
Chamaram-me então para a oficina central novamente e me mandaram para um curso de calculadoras.

Adicionar legenda
Aí eu aprendi com um dos instrutores, o Bento Mafetano, que nunca deveríamos depreciar uma máquina de um cliente mesmo que ela estivesse caindo aos pedaços. Pois era uma propriedade dele e deveríamos sempre valorizar. Assim estaríamos nos valorizando a nós mesmos.

Mecânico de Mercator
Nessas máquinas eu não cheguei a dar atendimentos, pois fui designado para tomar conta da revisão de máquinas de demonstrações, na rua General Carmona, na Ponte Pequena, onde fiquei por mais de um ano, quando o meu encarregado me indicou para um curso de máquinas contábeis.
Visão externa da Mercator
Feito esse curso passei a trabalhar um tempo no serviço interno. Nesse setor havia diversos tipos de máquina, dentre as quais aogumas bem complexas, que trabalhavam acopladas com um módulo eletrônico que fazia a parte dos cálculos.
Numa tarde eu chegava do trabalho e de longe eu vi que havia muitos carros parados em frente à minha casa. Fiquei apreensivo.
Que será que aconteceu? E a coisa era em relação à minha casa. Cheguei e ainda sentia o cheiro de fumaça.
Esta tv pegou fogo
Eu tinha uma TV Philco, das primeiras com controle remoto. Era um controle remoto muito chato, pois bastava balançar um molho de chaves por perto ou passar um carro com aquele motor vemag acelerando que ele mudava de canal.
Meu filho assistia aos filmes dele todas as tarde e, como era uma tarde de muito calor, a fonte de alimentação da tv superaqueceu e pegou fogo.
Por sorte a esposa de um farmacêutico do bairro tinha um extintor no carro e ia passando em frente nossa casa e conseguiu apagar o incêndio, pois o dito extintor era de pó químico.
Graças a Deus não deu tempo de minha esposa, no desespero, jogar uma baciada de água, o que ela iria fazer.
No início de 1973, janeiro, mais precisamente, nasceu a minha filha Liliam. Dez anos após o Herivelto. Esta nasceu em hospital conveniado com a empresa. Se tivesse de pagar o parto eu não sei como faria, pois estava numa dureza daquelas. Eu estava pagando a casa onde moro e o dinheiro era a conta. Não sobrava nada.
Eu procurava não demonstrar, mas trabalhava e vivia numa tensão daquelas.
Numa tarde eu chegava em casa e vi carro da polícia parado à porta e do lado da minha casa, fincado num barranco mais ao fundo, um corcel azul claro. um outro susto.
Pegara o canto da casa, passando por cima de um poço que eu tinha ali. Arrancou as tampas do poço e o canto da cosinha.
Liliam aos 2 anos
Minha filha, pequenina ainda acabara de sair daquele lugar, onde ela costumava brincar à tarde, pois dava uma sombra ali. Meu filho a havia chamado para ver televisão.
Minha esposa acabava de colocar água num filtro que a gente tinha naquele canto da cozinha e fora para o quarto. A pedra que dava suporte ao filtro voou e foi entrar no piso no canto oposto da cozinha.
O rapaz que dirigia o carro era um funcionário da Philips do Brasil, que era onde hoje é um campus da UNG. Pegara a descida que era asfaltada e acelerara o carro. Como o carro ganhou muita velocidade, ele não conseguiu diminuir e tentou pegar a rua do lado da minha casa que é uma subida e perdeu o controle.
Graças a Deus não aconteceu nada com ninguém de casa. Ele veio no dia seguinte e consertou o estrago que havia feito.
Herivelto e Liliam (1974)
Trabalhei nesse setor até 1974, quando, por uma sugestão da DDRH, estava estudando eletrônica. Pois, segundo essa diretoria, não havia mais campo para minhas promoções, uma vez que eu não aceitava sair de São Paulo para exercer um cargo de chefia em alguma das filiais.
Fui então transferido para o laboratório de eletrônica da empresa no segundo semestre de 1974.
Tive aí alguma dificuldade, pois a escola que eu frequentei prometera que seria ensinado também sobre computadores, o que não era verdade. O curso só se baseava em rádio e televisão e eu não aprendi nada de circuitos lógicos, com os quais eu iria trabalhar.
Gravador de dados em rolo (Wang)
Foi difícil. Como eu ouvi mais tarde alguém dizer, eu caí de para-quedas dentro de uma área desconhecida.
A pessoa que disse isso não o disse se referindo a mim. Era a um outro técnico que por sinal o colocaram para resolver a maioria dos problemas das máquinas velhas, as quais todos tinham pavor de enfrentar. E o interessante é que ele os resolvia.
Eu me sentia realmente meio desnorteado em meio aos problemas desse tipo.
Entretanto eu fui me adaptando e muitas vezes eu penei para atender no interior máquinas de teleprocessamento que não podiam ficar paradas por muito tempo e algumas vezes os operadores tinham de se deslocar de uma cidade para outra para executar o serviço.
Era tão desgastante a situação que gerou em mim uma sobrecarga que elevou a minha hipertensão de uma forma terrível.
Sistema SP 600
Mas eu tinha de aguentar firme. Dificilmente alguém me dava uma mãozinha, pois o serviço era meu.
No entanto eu tinha muitos bons colegas que davam sempre que me viam em dificuldade alguma dica para me ajudar a sair da situação.


Certificado da Olimpíada
Meu filho completou o ginasial e o colegial, que felizmente, eram públicos. Ele era muito bom para estudar, tanto que ganhou uma olimpíada de matemática, indo eu com ele receber um prêmio, uma enciclopédia que eu ainda guardo, das mãos do prefeito da cidade, o Valdomiro Pompeu.
Quando ele entrou para uma faculdade, a ESPM. eu dei uma ajudadinha ao pagar as mensalidades da mesma que, diga-se de passagem, não eram caras.
Ele já trabalhava na Borlem (se não me engano, naquele tempo ainda era Bortom e Lemmerz). Então o material escolar era ele quem comprava.
E eu ia a lutar com as máquinas e servindo de para-choques entre a empresa e os clientes, que muitas vezes extrapolavam em suas reclamações.
Herivelto no tempo da faculdade
Na verdade havia uns sistemas que eram terríveis para dar problemas.
Às vezes tinha alguma coisa engraçada. Uma vez eu estava em Presidente Prudente para atender a um sistema Vector do Bradesco e, uma coisa que jamais eu suspeitaria, portanto não levaria a peça necessária, constatei uma pequena lâmpada do controle da armação do braço de posicionamento da fita da Wang (unidade de gravação) estava queimada. Coisa raríssima, mas aconteceu.
Pedi urgentemente para que me mandassem a dita coisa. Foi-me mandada pela empresa de ônibus durante a noite e eu fui buscar logo pela manhã do dia seguinte. Cheguei lá e vi. Era uma caixa enorme, que me fez pensar estar alguma coisa errada.
Recebi a caixa e levei para o CPD do banco onde eu precisava do material e, ao abrir, verifiquei que estava cueia de pedaços de pedra enrolados em papel e no meio de tudo estava um pacotinho diferente, embrulhado com papelão, que era a peça.
O velho CRESP na Amaral Gurgel
Depois é que eu fiquei sabendo que era para dar peso suficiente para o transporte, pois a empres de ônibus não transportava volume e peso muito pequeno devido à possibilidade de perda. Bem pensado.
Numa outra vez eu fui a esse CPD com a convicção de que lá chegaria e trocaria um módulo de memória do sistema e já estaria tudo certo. Tanto que ao chegar já marquei o vôo de retorno para a tarde.
Confiante cheguei no sistema e troquei o módulo... não funcionou! Daí em diante foi um troca e destroca de quatro módulos que o constituíam e nada. Tirava e limpava os contatos e montava de novo... e nada.
Fui até a agência da empresa aérea e desmarquei a passagem de volta.
Sei que fiquei no sistema até não mais aguentar de sono e cansaço. Três da madrugada fui para o hotel para ver se dormia e descansava um pouco.
No outro dia voltei. Liguei o sistema. Não estava funcionando. Desliguei, troquei o primeiro módulo e liguei de novo. Uau! Funcionou!
Pedi para o operador colocar em serviço e fiquei por mais ou menos uma hora ao lado a acompanhar. Sem problemas. Fui embora. Mas não sem a pulga atrás da orelha, a pensar no retorno do defeito.
Felizmente cheguei a São Paulo de volta e não houve mais transtorno.
Um outro sistema Vector que eu tinha pavor de atender era do Banco do Comércio e Indústria. Eta sistema para dar encrenca. Aliás, eram dois. Um eles diziam que era backup (bacupe, como falava o supervisor da turma que trabalhava com o sistema).
Era um concentrador de dados cujas entradas eram feitas por máquinas do tipo telex, máquinas mecânicas, também sujeitas a problemas diversos.
Um dia, no ano de 1978, o encarregado da unidade CRESP me chamou e fez uma proposta. Como havia pedido demissão um t´cnico que supervisionava um setor chamado REC (reparações eletrônicas centralizadas), ele me propôs que assumisse o mesmo. Foi-me prometida uma função de coordenador, o que não se concretizou porque o chefe do departamento foi mudado para uma outra função na matriz.
E o que o substituiu era um daqueles que se dele fosse feita uma radiografia, apareceriam dezenas de mãos agarradas.
E ali eu fiquei. Supervisionava os estagiários que vinham das escolas de eletrônica. Eram em média uns dez por ano. Fiquei ali durante uns doze anos.
Durante os anos em que trabalhei na supervisão dos serviços de estagiários eu fazia paralelamente algumas compras de componentes de necessidade urgente para o CRESP.
Ocorria muitas vezes mesmo a necessidade de pedir a importação de alguns quando não se conseguia encontrar na praça.
O REC se destinava a reparações de Fontes de alimentação e algumas placas mais simples, pois os estagiários ainda estavam fazendo seus cursos de eletrônica. Cheguei a ter comigo em algumas vezes alunos de faculdades de engenharia.
De vez em quando faziam-se alguma montagem de projetos simples de alguns dispositivos para complementar o trabalho de alguma máquina e mesmo algum equipamento para testes.
Muitas vezes recrutavam-se estagiários para executar tarefas que nada tinham a ver com a eletrônica. Aí eu entrava em atrito com outros setores e reivindicava a função do estagiário, que era trabalhar com dispositivos eletrônicos e não em funções administrativas.
Fui então sendo meio hostilizado por alguns dos chefes do CRESP. Já começavam a me ver como funcionário desinteressante ali naquele meio e me queriam ver pelas costas.
Quando pelo final de 1989 foi decidido encerrar as atividades daquele setor em que eu trabalhava e me propuseram que eu fizesse um pedido de demissão, uma vez que, segundo a própria DDRH da empresa não havia um motivo para me dispensarem e era da política da mesma não dispensar ninguém sem justa causa. Me ofereceram uma compensação além daquilo a que eu tinha direito em consideração aos anos de trabalho como funcionário.
Analisei as consequências que poderiam advir de eu não pedir demissão. Poderiam simplesmente me pagar o que era justo e pronto. Estavam no direito deles.
Aceite a proposta e fiz um pedido de desligamento a partir de 31 de janeiro de 1990.
Fui então viver somente da aposentadoria.
Mas, passaram-se alguns meses e eu fiquei meio chateado e andei reclamando que não me acostumava com o "não fazer nada".
Um dos meus ex-colegas que algum tempo antes havia saído e havia, em sociedade com outro também ex-colega, montado uma empresa de assistência técnica, ligou para a minha casa e propôs que eu fosse trabalhar com ele.
Fui até a empresa deles e conversamos. Ele queria alguém que lhe fizesse o serviço burocrático do pequeno escritório e, na medida do possível, desse uma mão a eles na parte de manutenção de máquinas. Combinamos que eu iria trabalhar com eles.
Como eu tinha algum conhecimento de compra de componentes, o que eu fazia na Olivetti, eu fazia as pesquisas e aquisições de componentes para eles.
Porém, quanto ao auxiliar na parte de manutenção de máquinas, eu não fazia. Eu tinha receio, pois a falta de conhecimento técnico para tal era sentida por mim. Às vezes ajudava numa ou outra montagem de algum dispositivo, o que eu gostava de fazer.
Trabalhei uns dois anos e meio com eles, mas sempre achando que eu era para eles um peso morto. A parte burocrática era pequena e eu achava que estava custando caro para eles me manter.
Numa tarde eu atendi um telefonema de um cliente desses que estouram ao telefone e falam até coisas que não devem. Como eu estava só ali no escritório e não tinha nenhum dos dois para me dar suporte, eu ouvi toda a lenga-lenga desse cliente, sem ter como me esquivar. Aquilo me afetou o sistema nervoso de tal forma que eu quando fui para casa parecia estar flutuando no ar.
Precisei ser levado ao hospital e passei a noite internado em observação. Não fui trabalhar no dia seguinte. Os dois foram até minha casa ver o que havia acontecido. Foram atenciosos para comigo.
Aquilo foi como a gota d'água. Decidi que deixaria de trabalhar nesse tipo de serviço. E quando foi na véspera do Natal, nos despedimos e eu então disse a eles que não voltaria mais para trabalhar lá.
Herivelto
Encerrei de vez a fase de trabalhar e fiquei só mesmo com a aposentadoria, como estou até hoje, mais de vinte anos depois. A eles eu sou grato pelo apoio que me deram. Foram eles: Luiz Carlos Cândido e Paulo Roberto Uhlmann.
Talvez eu ainda escreva mais alguma coisa por estes tópicos.

Aqui, depois de um vácuo de tempo, tenho de incluir uma nota que me foi muito triste. Na noite de 18 para 19 de agosto de 2011 perdi o meu filho.
Fazia uns quatro meses que ele estava em minha casa, pois tivera uma desavença com a mulher com a qual vivia em Curitiba. Passava por um período de depressão pela dificuldade de encontrar um outro emprego e essa desavença veio a complicar-lhe mais ainda a situação.
Alimentava-se muito mal e houve um grande entupimento da aorta, formando um aneurisma na saída do coração, que veio a romper-se, causando-lhe a morte súbita.Foi um grande golpe que levamos na vida.
Mas, continuamos a caminhar. Hoje, 12 de fevereiro de 2017 é que estou introduzindo aqui esta nota triste, que faz parte da mina história.

Percalço

Na manhã do dia 27 de novembro de 2019, minha esposa atendeu ao telefone e era um desses trotes feitos por presidiários, ou coisa parecida, dizendo que nossa filha estava sequestrada.
Mandei-s desligar o telefone e fui pegar o celular para entrar em contato com nosa filha. Não consegui fazê-lo. Minha mão estava paralisada e meu braço doía tanto que parecia estar sendo arrancado. Eu gritava de dor.
Minha esposa chamou nossa filha e me levaram a um pronto atendimento mais próximo.
Entrei para o atendimento e aplicaram um medicamento. Perdi os sentidos por uns 10 minhtos e, quando acordei, estava já dentro de uma ambulância, a caminho do Hospital Municipal do Tatuapé.
Fui tratado como infartado, apesar de não haver chegado a isso.
Passei exatamente uma semana internado até o momento da alta, quando voltei novamente para casa.
Hoje aqui estou a escrever estas notas, já quase completamente recuperado.
Graças a Deus.


Pandemia e pandemônio

Já faz um tempino que não coloco nada no meu blog. Preciso dar uma arualizada nele. Mas agora eu fico até "aperriado" devido a ...