sábado, 29 de novembro de 2014

Nóis vai! Devagar, mas vai!

Lá vai um véio capenga, a contar os passos ladeira acima, para ir até a padaria a fim de comprar uns pãeszinhos para o seu café da manhã do dia seguinte.
Ele só come pão de um dia para outro, pois a padaria fica no topo da subida e ir lá para pegar o pão pela manhã não está no seu programa.
Quando começa o aclive, o peso das primaveras (o véio é de setembro) começam a pesar sobre seus ombros. Os passos vão ficando difíceis e, ao chegar lá no topo, ele já está ofegante. Muitas vezes precisa dar uma paradinha para retomar o fôlego.
Começa a relembrar os tempos de mais moço, em que não sabia andar em passos lentos e caminhava sempre parecendo que estava com pressa. Lá nos idos dos anos 40 e 50 ele fazia o trecho do sítio ao centro da cidade, cerca de seis quilômetro bem contados em menos de uma hora de caminhada e era a maior moleza.
Depois veio para São Paulo e foi trabalhar em assistência técnica por bairros onde o transporte era precário e por isso andava muito a pé. Parece que naquele tempo não cansava.
Com o passar dos anos, agora caminhando para chegar aos oitenta, se Deus o permitir, a coisa está muito mais difícil. Quando é plano, vai lá, cansa, mas é pouca coisa. Porém, como nem todas as ruas por aqui são planas, já viu , não?
Outra hora eu colocarei mais algumas das minhas impressões dos dias que correm.
Agora vou dar uma olhadinha lá para trás.
Vou dar uma paradinha no tempo e retornar lá para o ano de 1954.
O Tomaz Sanchez, nosso vizinho que comprara parte do sítio que era do meu avô paterno, lá pelo ano de 1952. O sítio ficou para 5 herdeiros, um dos quais era meu pai, que comprou a parte da irmã mais velha. O Tomaz então comprou as outras três restantes. Depois de tentar tocar o sítio com empregados por dois anos, ele arrendou para o João Rodrigues, um caboclo que viera de um município vizinho, Paranapanema.
Este plantou arrôs e milho nos trechos que não eram cheios de pedtas, coisa que havia demais nessa parte do sítio.
O velho Sítio Araras, hoje com a
Rodovia Raposo Tavares
passando ao lado, altura do
Km 324
Eu e minha mãe batizamos uma filha dele que nasceu ali no lugar e ficamos então compadres. E ele fazia questão de me chamar de Compadre Domingos.
Não sei porque ele desistiu de ficar ali e voltou para Paranapanema depois de haver colhido todo o milho e deixar amontoado ao lado da cas de moradia.
O Tomaz contratou uma máquina para debulhar o milho. Porém começou um período de chuvas que durou mais ou menos um mês e meio.
Eu e meu irmão ficamos cuidando do sítio, com um canteiro de café e uma plantação de batatas e, todos os dias tinha de espalhar o monte de milho para enxugar, o que não acontecia, até que começou a brotar todo e se perdeu, ficando completamente inaproveitável.
O café eu e meu irmão ainda o plantamos no alto do sítio. Eu vim embora para São Paulo em 1956, no final de fevereiro. A parte que era do Tomaz se vê pela foto que hoje é plantação de cana-de-açúcar.
Daí só restou um resquício de saudade, pois pouquíssimas vezes eu voltei por lá.

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